Trabalhar em equipe: Os 5 Desafios da Gestão de Pessoas


Você já teve dificuldade em trabalhar em equipe?  

Em se incluir dentro de equipes que já estão trabalhando e você acabou de chegar? 

Quando você chega no trabalho fica deslocada ou seus colegas são apáticos e não geram discussões construtivas?

Essas situações entre outras similares criam em mim um incômodo (tanto quando vivencio ou quando vejo outras pessoas na mesma situação)  e foi por conta disso que eu fui estudar sobre o assunto, testei e  implementei algumas técnicas sobre trabalhar em equipe que quero compartilhar com você neste artigo.

Então vamos falar sobre trabalhar em equipe!

Eu trabalho com equipes há muito tempo e acredito que, mesmo que não tenha consciência, você também está nessa de trabalhar em equipe há muito tempo. 

Como eu sei disso? 

Vivemos em sociedade e isto já é um fato primordial dentro desta análise. O mundo é feito de pessoas, seres humanos diferentes e iguais ao mesmo tempo. Complexo né? 

Portanto, não estamos isolados, mesmo as pessoas mais tímidas ou reclusas… 

Vamos falar sobre a roupa que você está vestindo? Vamos entender se ela é feita de algodão (sei que temos fios e tecidos sintéticos ou de outras origens. A intenção é simplificar para expandir) 

Alguém tem uma fazenda e resolve plantar algodão. Ele foi cultivado e colhido pela mão de várias pessoas até chegar na indústria que beneficia o algodão e transforma ele em fio. Depois do algodão cru virar fio ele leva para outra fábrica que o transforma em tecido e só aí ele vai para fabricação da roupa.

Neste processo, ele entra em contato com logística, estilista, modelista, costureira, vendedora … e agora você está aí vestindo esta peça de roupa, e mesmo que esteja sozinha para vesti-la, você precisou de todos estes outros seres humanos para ela chegar até você.

Essa mesma relação acontece com tudo que está à nossa volta. E ainda nem entrei na relação de família, amigos e colegas… 

“Ok, não estou sozinha no mundo, mas e aí?”

E aí que ninguém nos ensina a ter consciência da amplitude destas relações. A saber como agir. A ter inteligência emocional. Aprendemos coisas práticas e operacionais… mas não aprendemos a perceber e sentir. 

Assim, aprender a integrar e fazer parte de uma equipe passa pelos sentidos. Sentimos que tem algo errado e não sabemos verbalizar ou o que fazer com isso. 

Bom… eu faço parte do Coletivo Centopeia, é um coletivo feito por gente criativa, diferente e praticamos a empatia e o respeito em tudo, todos os dias. Não é fácil, mas em contrapartida, é muito gratificante. Sou apaixonada pela construção que fazemos aqui, mesmo sendo muito desafiador. 

Uma produtora trabalha, acima de tudo, com recursos humanos.

Todas as pessoas têm suas diferenças e suas nuances, e isto é uma coisa muito boa, mas “aprendemos” que isso é ruim.  

Todas as diferenças e proximidades acabam me estimulando muito porque eu tenho um olhar muito atento para poder resolver e entender todas estas situações.

Recentemente, li um livro que chama os 5 desafios das equipes, de Patrick Lencioni, ele tem uma capa “feia”(você pode achar bonita e tudo bem), mas fiquei curiosa e decidi dar uma chance para o conteúdo.

Comecei a ler e foi surpreendente todos os ensinamentos que esse livro me trouxe! Ele foi de encontro a muitas coisas que eu pensava e que ainda não tinha conseguido sistematizar, apesar de toda a prática que já tinha no dia a dia. Fez tanto sentido pra mim que fiquei motivada a escrever sobre isto. 

As 5 Disfunções de Trabalhar em Equipe:

Nesse livro, o autor divide os desafios em trabalhar em equipe em 5 disfunções. Primeiramente, ele coloca elas dentro de uma pirâmide, sendo elas: falta de confiança, falta de conflito, falta de compromisso, prevenção de responsabilidade, e falta de atenção aos resultados. Vou detalhar cada uma delas aqui com a minha percepção sobre elas.

Trabalhaer em equipe - Pirâmide

01 – Falta De Confiança

A base da pirâmide é sobre a falta de confiança. Confiança é uma palavra tão usada que as vezes perde um pouco da sua força. 

Mas é um fato, quando não confiamos em uma pessoa não conseguimos seguir em um relacionamento saudável. Sempre existe um mais ou um talvez… ou uma possibilidade de algo que não foi seguido. Resumindo, relações inacabadas. 

01-Falta-de-Confianca-

Quando trabalhamos e fazemos produção não precisamos GOSTAR das pessoas da nossa equipe ou dos nossos fornecedores. Mas temos que confiar. Confiar dentro do ofício de produção é essencial para realizar projetos. 

Patrick comenta no livro que a “confiança é a certeza, entre seus membros, de que todos têm boas intenções e de que não há motivos para ficar na defensiva ou ter reservas em relação ao grupo. Essencialmente, os colegas da equipe devem se sentir à vontade para se permitirem ser vulneráveis na frente dos outros.”

Percebe que nesta afirmação a confiança é pautada em uma forma de se sentir com o outro e não centrada na ideia de prever o futuro do comportamento do outro a partir de uma experiência do passado. 

Entender isto é assumir a vulnerabilidade das relações, o aprendizado pessoal de cada um e a jornada de crescimento.

Estamos todos aprendendo juntos neste mesmo caminho. Vamos juntos?

Quando li sobre isso, pensei em muitas coisas do cotidiano aqui dentro do coletivo ou quando tive que trabalhar em equipes em eventos e festivais. Me lembrei o que acontece quando você não confia na sua equipe ou você não confia nas pessoas que estão trabalhando junto com você. É um desastre. Parece que tem sempre algo errado e a sensação de “pisar em ovos” é dolorida durante o processo. 

Portanto é real que a falta de confiança gera problemas grandes e perceptivos, impactando diretamente nos nossos resultados além de te sobrecarregar. Onde você não consegue se desligar do processo de não confiança, você não consegue delegar para a equipe (ou parte dela).

Você deve estar se perguntando: “e como eu confio em alguém, ou ainda, como faço para as pessoas confiarem em mim?”

A confiança não tem a ver com a construção de certezas ou fortalezas, tem a ver com a vulnerabilidade e com fragilidades.

Precisamos nos expor! Uma equipe só deixa de agir na defensiva e desconfiança quando seus integrantes se sentem à vontade para se expor. Como resultado, eles conseguem focar sua energia e atenção no trabalho a ser feito e sem mimimi no lugar de tratar o outro com pouco respeito ou muita “politicagem”. 

O mundo não quer pessoas que sejam muros de concretos. O mundo quer pessoas flexíveis e honestas. Até porque o senso de verdade também é uma construção. E coisas que ontem faziam sentido, hoje não fazem mais. 

Lembrando que esta construção é diária… um passo de cada vez. Acredite no caminho.

02 – Falta de Conflito

O conflito faz parte da sua vida? Quando ele acontece você foge ou senta e resolve? 

Os conflitos e as diferenças nos fazem avançar nas ações e nos pensamentos. São oportunidades de crescimento. 

Trabalhar em equipe 02-Falta de Conflito

Sempre falo para minha equipe ou com parceiros de trabalho: “Se eu tenho conflitos com a minha irmã, que nasceu do mesmo pai e da mesma mãe e recebeu a mesma criação, porque não vou me desentender com pessoas que têm outra criação, outros valores e outra experiência de vida?”

E logo na sequência eu penso: “Que bom que tenho esta oportunidade. Como poderia entender esta questão sob esta ótica se não tivesse outra experiência além da minha.” Por isso, estar junto com outras pessoas em coletivo é tão potente.  

Quando perguntei acima se você foge do conflito, é porque existe uma ilusão de que não ter conflitos é algo positivo. Que o que procuramos é uma vida sem atritos. 

A mágica aqui é aprender a lidar, aprender e resolver os conflitos sem que isto possa ser um sofrimento. Precisamos ter maturidade. 

Temos dois tipos de conflitos: os ideológicos que são na maioria das vezes produtivos, e as brigas destrutivas e pessoais. 

Não é porque você não concorda comigo em relação a um assunto, que vou te chamar de feia ou dizer que você é ruim. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. 

Voltando para o trabalho de produção e gestão de equipe, é muito claro que as equipes que se envolvem em conflitos produtivos sabem que o único objetivo é chegar à melhor solução possível, no tempo mais curto.

O objetivo cria uma razão do conflito e nosso foco precisa ser no melhor para o projeto e não o que eu “acho” que é melhor porque eu que propus a solução. 

Evitamos conflitos com medo de magoar e ferir os sentimentos das outras pessoas. Só que, fazendo isto, alimentamos um monstro maior: a tensão. E, quando chegamos neste lugar, voltamos à falta de confiança. 

Quando não participamos ativamente, contestando e debatendo abertamente nossas ideias, entramos no campo de ataques pessoais muitas vezes velado. Tudo isto acontece em nome da “EFICIÊNCIA”.

Mas isto gera mais retrabalho e soluções rasas para os problemas, além de falta de engajamento no operacional. Assim levando a “INEFICIÊNCIA” 

Equipes que temem conflitos têm reuniões entediantes, o ambiente de trabalho fica aberto para politicagem e ataques pessoais, não é explorado todas as opiniões e perspectiva  e se perde muito tempo administrando riscos interpessoais.

Em contrapartida as equipes que aceitam o conflito de forma madura dentro do processo tem reuniões mais interessantes, investigam todas as ideias dos participantes, possuem mais empatia, solucionam problemas mais rapidamente, minimizam a politicagem e trazem questões críticas para a pauta. Focam no que realmente importa. 

03- Falta de Compromisso

Este é o item número três da pirâmide porque ele só acontece depois que os outros itens já estão acontecendo de forma orgânica. 

Trabalhar em equipe 03-Falta de Compromisso

Não conseguimos ter compromisso sem a confiança e o conflito. Ele fica perdido e não é percebido como deveria pelo todo do projeto. 

Vamos tentar visualizar isto melhor?

Você já participou de uma reunião onde várias coisas foram definidas, prazos estipulados e responsabilidades dadas e quando chegou na reunião seguinte o projeto continuava na no mesmo lugar da reunião anterior porque nada aconteceu? 

Eu já participei de várias reuniões assim, e posso falar com propriedade, é frustrante e desmotivador quando isto acontece. 

O comprometimento é resultado de clareza e adesão e o que mais prejudica o comprometimento é o desejo pelo consenso e a necessidade de certezas dentro do processo. Às vezes o melhor para o projeto e o trabalho não é o que EU quero pra ele ou o que EU penso ser o caminho correto. Precisamos ter humildade para reconhecer os momentos de se impor e os momentos de ceder. 

Quando você tem certeza que é o melhor caminho você se compromete com a sua equipe, você dá o seu melhor no lugar de jogar contra ou ser um peso de papel dentro do projeto. Não seja a pessoa que aponta o dedo e diz eu avisei… ou se fosse do meu jeito isto seria diferente… Não percebemos que, quando pensamos ou agimos assim, também deixamos de fazer o que o projeto precisa que seja feito. Se você faz parte do projeto o resultado do projeto é seu também, seja positivo ou negativo, independente do caminho escolhido para caminhar. 

De qual resultado você quer participar? 

Equipes que não se comprometem, criam ambiguidade em relação às prioridades, fazem análise excessivas. E isso atrasa os processos, alimenta a falta de confiança e o medo de errar e volta em discussões passadas inúmeras vezes. 

O comprometimento da equipe traz clareza e direção das prioridades do projeto, alinhamento entre o grupo dos objetivos comuns. Aprendem com os erros em um ambiente seguro para se errar, aproveitam melhor as oportunidades, e têm segurança para mudar o caminho quando for necessário, sem culpa, afinal a equipe está unida na mesma jornada. 

04 – Responsabilizar os outros 

Sabe quando você tem que trabalhar em equipe mas não sente que pode chamar atenção de um colega ou pontuar algo que estava errado ou atrasado? O que as pessoas esperam de você e o que você espera das pessoas é fundamental nesta dinâmica. 

Trabalhar em equipe 04-Prevencao-de-Responsabilidade

Dentro desta dinâmica de trabalhar em equipe, responsabilizar se refere a chamar atenção quando necessário, falar sobre produtividade e desempenho sem intrigas entre a equipe.

Como podemos crescer juntos sem a liberdade de falar ou pontuar o que precisa?

Mas, nem todo mundo está aberto para ouvir e receber estas pontuações, e este é o principal motivo para as pessoas não se posicionarem para o outro. 

“Não faça com o outro o que não quer que façam com você”, este ditado popular faz parte do nosso inconsciente coletivo e determina muito das nossas ações. 

Era assim que eu funcionava também! Muitas vezes queria falar, acreditava que era para nosso crescimento, mas me calava para não ter conflito e, acima de tudo, para ninguém falar sobre as minhas atividades. Tinha muito medo de ser criticada e isto me paralisava. 

Hoje eu recebo como um presente. Se alguém teve a generosidade de me dizer alguma pontuação, no mínimo eu preciso ouvir e considerar. 

Precisamos valorizar as conversas difíceis, pois só vamos estar preparadas para elas praticando, não fugindo. 

A equipe que não responsabiliza as pessoas cria ressentimento entre os integrantes com diferenças de desempenho e padrões, estimula a mediocridade, perde prazos fundamentais, coloca sobre o ombro da liderança o fardo de ser o pulso de disciplina entre todos. (resumindo, o líder tem que ser o chato)

Em contrapartida, equipes que cobram responsabilidade dos seus pares fazem com que cada um, com baixo desempenho, se sinta cutucado a melhorar. Esta mesma equipe identifica mais rápido os problemas e propõe solução sem hesitação. Também estabelece um grande respeito entre todos como consequência possui um alto nível de desempenho evitando a burocracia excessiva em relação aos controles e às ações corretivas.  

05 – Falta de Atenção aos resultados

Todos os outros itens precisam entrar dentro do processo de funcionamento de uma engrenagem para que o foco nos resultados aconteça de forma mais fluida. 

 02-Falta de Conflito

Quantas vezes você, no meio do trabalho, não se lembrou dos objetivos principais do projeto porque está soterrado em demandas operacionais e muitas delas nem vão de encontro aos objetivos gerais ou têm baixa relevância no todo? Sendo que neste momento você não conseguiu ver isto. 

Já passou por este tipo de situação?

Temos tendência a achar que “o que EU estou fazendo é o mais importante entre tudo o que é feito pela equipe e o que está sendo feito agora é fundamental.” Isto é natural acontecer. Mas quando temos consciência, abrimos a possibilidade de fazer diferente e fugir desses padrões. 

Sendo assim, os objetivos do nosso projeto de produção precisam ser claros, e eles nem sempre são financeiros. Nesse intuito, os objetivos podem estar divididos em objetivos do projeto geral, da empresa, da equipe e individual. 

Parece óbvio né? Precisamos estar focados no resultado. Mas é incrível como isso se perde dentro do processo, principalmente quando não temos confiança, ou a responsabilidade de cada um está abalada, entre outros problemas no caminho. 

Trabalhar em equipe necessita de revisão e a rota precisa ir se redesenhando conforme vamos avançando.

Priorizando o que realmente importa dentro do escopo e o equilíbrio entre os recursos e o tempo. 

A equipe que perde o foco nos resultados fica estagnada com a sensação de não sair do lugar, raramente supera os concorrentes e se destaca no mercado. Perde muitos funcionários e membros da equipe que estão focados nos resultados, cria uma cultura de foco individual nas carreiras e não no objetivo do grupo e do projeto. 

Trabalhar em equipe com foco nos resultados mantém todos motivados, diminui a cultura do trabalho individualista, fica feliz com o sucesso e sofre junto no fracasso. Também beneficia a equipe e evita as distrações. 

Portanto, nós produtoras que lideramos equipes precisamos ser altruístas e muito objetivas, reconhecendo aqueles que fazem a diferença na equipe com foco nos objetivos e resultados.

“O sucesso não é uma questão de dominar uma teoria sutil e sofisticada, mas sim de abraçar o senso comum com níveis incomuns de disciplina e persistência. Ironicamente, as equipes obtêm sucesso porque são excessivamente humanas…”

Patrick Lencioni. 

Você é mais de vídeo que de leitura? Então acesse o link abaixo:

Trabalhar em equipe: Os 5 Desafios da Gestão de Pessoas

por Sabrina Del Bianco tempo de leitura: 12 min